Nos últimos meses, tenho sentido que estou em um platô. Minhas noites não são tão boas, meu sono não rende, e acordar cedo e disposto para trabalhar tem sido um desafio constante. Às vezes, até penso que posso estar entrando em uma fase introdutória de burnout — nada grave, mas suficiente para me deixar alerta.
Mas este post não é sobre burnout. É sobre um pequeno hábito que tem me ajudado a transformar, aos poucos, minhas manhãs: o café.
Minha relação complicada com o café
Se você me conhecesse alguns anos atrás, nunca imaginaria que eu estaria escrevendo um post desses. Eu odiava café. O gosto era amargo demais, parecia carvão líquido. Para conseguir engolir, colocava três colheres de açúcar em cada xícara. Só assim descia.
Além do sabor, ainda tinha os efeitos colaterais: meu coração acelerava, a ansiedade batia forte, e às vezes até sentia uma arritmia leve depois de uma simples xícara. Para mim, café era sinônimo de mal-estar.
O que mudou
Com o tempo, percebi que talvez não fosse o café em si o problema, mas a qualidade do café e como eu estava consumindo. Decidi dar uma segunda chance. Testei diferentes formas de preparo, tomei coragem de comprar um café no minimo Gourmet, uma classificacao acima do tradicional, e comecei a tomar em momentos mais adequados.
De repente, o café deixou de ser um inimigo e começou a se tornar um aliado.
Os benefícios que percebi
Ainda estou longe de ter uma rotina matinal perfeita, mas algumas mudanças já ficaram claras:
- Mais disposição para começar o dia. Aquela primeira xícara funciona quase como um empurrãozinho para sair da inércia.
- Menos açúcar na rotina. Aprendi a apreciar o sabor do café sem precisar exagerar no doce.
- Um ritual para minhas manhãs. Preparar o café virou parte da minha rotina, um momento meu antes de mergulhar no trabalho.
- Minha rotina de ir no banheiro também melhorou. Parece que estou mais amigo do meu intestino.
Tudo isso aconteceu pois eu melhorei a qualidade do café horrivel que estava consumindo. Sei que isso virou mais que uma vontade ou rotina, virou um hobbie, estudar e ver sobre café é uma coisa prazerosa que alegra meus dias.
Qualidade dos cafés brasileiros
Não sei se todos aqui sabem, mas o Brasil é o maior exportador de café do MUNDO, com grãos de altíssima qualidade. Porém, quando falamos em mercado interno, muitas vezes ficamos restritos a cafés de baixa qualidade.
Hoje, temos uma instituição chamada ABIC (Associação Brasileira da Indústria do Café). Ela criou uma classificação para ajudar o consumidor brasileiro a escolher cafés com um mínimo de garantia de qualidade.
Vou deixar aqui uma descrição pessoal dos tipos de café, do mais simples ao mais refinado:

1. Extraforte
Esse aqui é o fundo do poço da qualidade. Normalmente feito com grãos defeituosos e cheios de impurezas, por isso são super torrados (ou “hypertorrados”), o que dá aquele sabor amargo e queimado. A torra muito escura serve para mascarar os defeitos e uniformizar o gosto. Resultado: café pesado, forte, mas sem nenhuma sutileza.
2. Tradicional
É o que a maioria dos brasileiros consome no dia a dia. Geralmente feito de uma mistura de grãos arábica (de melhor qualidade) e robusta (mais amargo e encorpado). Ainda pode ter alguns defeitos, mas em menor quantidade que o extraforte. Costuma ter um sabor forte, amargo e marcante, mas já menos agressivo. É aquele café “do escritório” ou “de casa” que a gente encontra facilmente no supermercado.
3. Superior
Um degrau acima do tradicional. Produzido com uma seleção mais cuidadosa, utilizando pelo menos 85% de grãos arábica de melhor qualidade. A torra é menos agressiva e o resultado é um café mais suave, aromático e agradável, mantendo ainda um preço acessível.
4. Gourmet (atualmente é daqui onde eu compro meu café)
Aqui a coisa já melhora bastante. O café gourmet é feito exclusivamente com grãos arábica selecionados, livres de impurezas e defeitos graves. A torra é mais controlada, valorizando o sabor natural do grão. Isso dá uma bebida mais equilibrada, com notas perceptíveis de chocolate, frutas secas ou caramelo, dependendo da região de origem. É o café ideal para quem quer sair do básico e experimentar algo de mais qualidade.
5. Especial
O topo da cadeia. O café especial passa por um processo rigoroso de seleção e avaliação, seguindo padrões internacionais. Para ser considerado especial, precisa alcançar mais de 80 pontos em uma escala sensorial que avalia aroma, corpo, acidez, doçura e uniformidade. São cafés com sabores únicos e complexos, que podem trazer notas florais, frutadas e até vínicas. É aquele café para ser apreciado com calma, muitas vezes vendido em microlotes ou com indicação da fazenda produtora.
Minha receita
Vale lembrar que eu comecei a tomar cafés melhores agora, então ainda não tenho equipamentos nem métodos mirabolantes. Mas acho interessante passar a receita que eu estou fazendo, principalmente para ter um grau de compraraćão para o futuro.
Equipamentos:
- Leiteira
- Coador melita (direto numa garrafa)
- Filtro 104 melita
- Adiciono 500 ml de agua na leiteira até ferver.
- Monto o coador com o filtro e escaldo o mesmo.
- Coloco 15/16g de café em pó, já moido, depende do café eu coloco menos ou mais, varia de acordo com o tamanho do grânulo.
- Deixo 2 min pra agua cair um pouco de temperatura, e faço a primeira infusão com 40g de água.
- Passados os 30 segundos da primeira infusão, tento fazer o primeiro despejo até uns 200g de água.
- Após um tempo, eu despejo mais 100g de água e espero 3 minutos de extração.
- Depois do tempo de extração eu misturo o café fazendo movimentos circulares com o punho e despejo-o em uma caneca (É para dar algo entorno de 250g ou menos, pois ainda sobra um pouco de água no filtro)
Agora é so aproveitar o café…
Futuramente quero mudar algumas coisas, principalmente comprar um moedor e moer, acredito que isso já melhoria quase 70% do gosto dele, que já esta 100% melhor que um café tradicional…
Edit: Para ter uma extração coesa, a necessidade de manter o fluxo do café contínuo é imprescindível. Então fique atento nos despejos para que sempre esteja com um fio de extração água de café. Isso vai ajudar para que o café não seja super extraído.
Conclusão
Hoje, o café é mais do que uma bebida: é um símbolo de mudança gradual. Ainda estou em processo, mas sinto que esse hábito está me ajudando a criar manhãs mais leves e produtivas.
Quem sabe, no futuro, eu consiga dormir melhor, acordar mais cedo e com energia — e olhar para trás entendendo que tudo começou com uma simples xícara de café.
Última modificação em 2025-09-28